domingo, 9 de outubro de 2016

Tinta, concreto e poesia

Homenagem a todos os grafiteiros que passam suas mensagens através dos signos visuais.

Vou passando minha mensagem
pelos muros da cidade.
Colorindo esse mundo
Com histórias e verdades.
Meu gatilho é o "cap"
e com ele faço a lei.
Cada rima desse rap
Sai do som do meu spray.
É a arte do gueto
chegando pra você.
Não critique
Por apenas não entender.
Do muro fiz a tela,
grafitei o nome dela.
Do vagão fiz o cartão,
Que mandei pra outra estação.
Do grafite fiz a rima,
grafitar é minha sina.
Vá em frente não se entregue,
deixo aqui a minha "tag"

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

De pernas pro ar

(2007/08)
Menina você veio assim de repente
e deixou minha vida de pernas pro ar.
Apagou minhas lembranças,
acendeu novas chamas.
Bagunçou minha cama
e me fez acordar.

Ébrio

As linhas estão tortas.
Palavras ébrias cambaleiam sobre elas.
Tudo gira, tudo vira poesia.
Vira prosa.
Um porre com palavras sem vergonha.
Um diálogo com palavras sem assunto.
A fumaça das palavras que se foram.
A ressaca das palavras que virão (no outro dia.
Tropeçando em vírgulas,
caio sem palavras
em palavras espalhadas pelo chão.
Me recomponho e risonho saio.
Segue-me a minha sombra muda até o meu portão.
Um diálogo secreto.
Entre eu e a fechadura.
Que guarda a língua a cala-se.
Vou dormir então, com a solidão das palavras duras.
(Meados de 2000 e alguma coisa).

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Quebrando átomos

Não estão sendo fáceis esses dias.
Perdi minha identidade à medida que o mundo virtual foi tomando espaço. É como se tudo tivesse sido jogado na lixeira e um livro novo me fosse dado para escrever. No entanto, não há tinta e nem papel.
Esse novo livro mais se parece com um mosaico de colagens aleatórias que me chegam sem ter a menor identificação comigo. São imagens que carregam os mais sórdidos trajes que se possam imaginar. Falsas alegrias, falsas crenças, falsas amizades, falsas doutrinas, falsos sentimentos, falsas amizades que se vão e chegam com um abrir e fechar de páginas.
O mundo virou um liquidificador exorbitante, misturando crenças, descrenças, opiniões com falta de, afinidades, oposições, grupos, subgrupos, famintos, exagerados, cegos, críticos, pensadores, estudantes, professores, pais, filhos, senhores e escravos. Uma mistura quântica de energias capazes de sacudir o mundo de qualquer cidadão pensante.
E assim aconteceu. O mundo acabou, a bomba explodiu e voltei pro meu cantinho, que é só meu.
Me visto agora com meus velhos trajes. Poesias, literatura, músicas das mais diversas paisagens, sob a sombra de frondosas imagens, enquanto apoio minha cabeça na obra de Cervantes, cavalgando pelos campos da minha mente.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Papel em branco.

Escrever é algo pessoal. Tem épocas que escrevemos o tempo todo e já em outros momentos deixamos absolutamente de escrever. E pensamos o tempo todo sem registrar nossos devaneios, sonhos e fantasias. Preciso voltar a escrever, pois a vida não é um papel em branco.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Epitáfio



Nossos dias de poesia se calaram,
São agora palavras mortas,
sepultadas em livros.
Sob o túmulo onde jaz tais sentimentos,
ainda brotam sonhos e fantasias.
Sementes trazidas pelo vento,
que as vêzes penso sussurrar seu nome.
Ah! o tempo, o tempo, o tempo...
Parece calado!
Parece lento!
Sem o mel de suas palavras,
sinto-me prisioneiro de seus poemas,
trancafiado nas páginas
que se amarelam com o tempo,
como uma flor seca marcando um capítulo
que se congelou no tempo da minha alma.

Nuanças.


Foi tão lindo amor,
o dia em que
te encontrei entre as flores.
Você sorrindo,
seus olhos fechando
e eu caído de amores.
Me fiz poesia,
desfiz-me em palavras,
em sons e cores.
Fiz uma estrada,
uma casa, um jardim,
uma ponte entre as núvens.
Em nosso caminho
riachos, ninhos,
pássaros, sonhos,
o sol, as estrelas,
o desabrochar,
o tempo parado,
esperando...
você chegar.
Vem, pintar com mãos de fada um sonho bom.
Com tons de amor e paz unir cores e sons.
O tom do amor é maior
que o mundo.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Chuva


A Poesia brinca comigo,
jogando sementes
por todo o quintal.
De tal modo que as mudas
crescem caladas,
na calada da noite
em que sonho contigo.
E vejo brotar-te
por todos os cantos v e me encanto de um tanto,
que fico em meu canto a pensar.
Que pensar em te ver
assim florescer,
me faz chover em você
lágrimas de Amor...

Beco


No muro da esquina,
do beco v no gueto,
a verdade é escrita
em frases... ou sonetos?
Poesia. Núa e crua.
Estampada na face,
perdida nas ruas,
esperando clientes,
cheirando a bebida,
escondida nas mentes,
na alma ferida
de quem não encontra
palavras perdidas
razão pra viver.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Fragmentos


Subí a Montanha Mágica e de lá pude visualizar o mundo, e descobri que " o Homem não vive somente a sua vida individual ", que " a malícia é a mais explêndida arma da razão na luta contra as potências das trevas e da fealdade ", que " os hábitos constituem o único meio de manter a nossa vida ", que " os Bardos podem até cantar o amor e o vinho, mas antes devem cantar a virtude ", também descobri que " entre todos os instintos existentes na natureza, o amor é o mais ameaçado, fundamentalmente propenso à aberração e à perversão fatal ", que " só os estranhos nos parecem ter caráter ", que " a morte é uma condição inviolável da vida ", que " manifestam de pouca cultura os viajantes que zombam dos costumes e dos conceitos dos povos que os acolhem ", que o fim pode ser hermético, deixando-nos uma dúvida: Será que também da festa universal da morte, da perniciosa febre que ao nosso redor inflama o céu desta noite chuvosa, surgirá um dia o amor?
Bebi com os poetas " uma noite na taverna " e me disseram que " o passado é o que se foi, é a flor que murchou, o sol que se apagou, o cadáver que apodreceu ". Um outro ainda me disse entre tragos: - " Os lábios da garrafa são como os da mulher, só valem beijos enquanto o fogo do vinho e o fogo do amor os borrifa de lava ". -Amei e dei vexame" Chorei e deixei alguém chorando. Rí muito e por alguns instantes estampei o sorriso na face de alguém. " Confesso que viví " e que " tudo pode ser feito, ainda que com cuidados infinitos ". " Não nascí pra condenar, nascí pra amar ". " Os únicos inimigos que tenho, são os inimigos do povo ". Entre todas as coisas " o que mais se parece com a poesia é um pão ou um prato de cerâmica ou uma madeira delicadamente lavrada, ainda que por mãos rudes ". e para os que acreditam que a poesia está morta, acreditem, " ela tem as sete vidas do gato ". Ela foi molestada, arrastada pela rua, cuspida e escarnecida, confinada para que se afogasse, e desterrada , encarcerada, deram-lhe quatro tiros e saiu de todos esses episódios com a cara lavada e um sorriso puro ".
" O ar do mundo transporta as moléculas da poesia, leve como o pólem ou dura como o chumbo, e essas sementes caem nos sulcos ou sobre as cabeças, dão às coisas ar de primavera ou de batalha, produzem igualmente flores ou projéteis ".
E cansado o poeta disse: - " Se os poetas respondessem com sinceridade, confessariam: não há nada tão belo quanto perder tempo ".
No trem de ferro do poeta fui a " Macondo ", viví " cem anos de solidão ", passei pela peste da insônia, esquecí nomes . Sentí saudades dos tempos que se foram, e os " Buendias " me disseram que " a memória naõ tem caminhos de regresso ". Cansado de tantas emoções que alí senti, as alegrias e tristezas ali vivídas,peguei o trem novamente sem destino. O trem balançava, rangia.

- Virge Maria que foi isso maquinista?

Agora sim
Café com pão
Agora sim
Voa fumaça

Um escritor inconformado em seu assento resmungava: - " O mundo terá acabado de se fuder, no dia em que os homens viajarem de primeira classe e a Literatura no vagão de carga ", como é que pode uma coisa dessas, " as coisas mais insignificantes tem as vezes, maior importância e é geralmente por isso que a gente se perde ".
" Os doidos nem sempre dizem incoerências ", " crime e castigo ' são duas faces da mesma moeda, " o crime é um protesto contra a anormalidade do organismo social, a natureza humana não é levada em conta ".
" A solidão eleva a intelectualidade ".
" Penso, logo existo ".